sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

A luta entre titãs (EUA vs Rússia) e o seu impacto na economia angolana

Janísio C. Salomão[1]
kams_9@hotmail.com

O conflito armado registado durante a guerra fria envolveu as grandes potências mundiais como: Estados Unidos da América (EUA), Rússia, Alemanha, Japão e demais países ficou registado nos anais da história até os diais de hoje.

Hodiernamente o conflito vivido entre as duas grandes potências não é mais um “conflito armando” (de momento), mais sim um conflito diplomático e económico, as potências tudo fazem para salvaguardar os seus interesses e dos seus aliados, chegando a não respeitar as grandes organizações internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Como é consabido, a economia mundial esta fortemente dependente dos países que compõem o G8, queremos nos referir dos países mais industrializados como (EUA, Alemanha, Itália, Japão, Canada, França, Reino Unido e Rússia), com forte capacidade de influenciar os principais decisores.

O Mundo recorda até hoje os conflitos que envolveram os EUA, sobretudo o Iraque e África do Norte com destaque para Líbia, cujo os principais pretextos utilizados a produção de armas de destruição em massa, não foram provados até hoje no caso da Líbia, na realidade os principais intentos por detrás de isto tudo foram económicos, “dominar os principais países produtores de Petróleo”. Os motivos políticos sempre serviram de pretexto para se alcançar os económicos, desrespeitando a soberania dos países, e a ingerência em assuntos internos.

Do mesmo modo a Rússia em função dos interesses económicos invade a Ucrânia sobre um pretexto falso de que os seus concidadãos queriam uma desanexação da Crimeia sobre a Ucrânia, quando sabemos que grande parte do gás que fornecido a Europa passa pela Crimeia. Na verdade o que a Rússia queria era ter o controle deste pequeno espaço geográfico estratégico e tornar –se um dos principais decisores e influenciadores sobretudo nas políticas relacionadas com a comercialização das principais fontes de energia (gás e petróleo).

As relações entre EUA e Rússia nunca foram das melhores, o mundo não podia continuar impávido e sereno ante a intervenção militar que a Ucrânia estava a ser alvo, destarte para mostrar o seu poder como principal potência mundial o EUA inicia fortes sanções sobretudo económicas nas principais empresas russas, alargando posteriormente para políticas.

Sobre forte influência dos EUA as restantes potências mundiais como Reino Unido e Alemanhã e demais países da europa aprovam sanções económicas a Rússia.

O mundo ainda recorda os pronunciamentos públicos do Presidente da Rússia sobre sanções impostas pelo ocidente, Putin realça que “as sanções impostas a Rússia terão um efeito Boomerang”, ou seja, tudo o que lançares na natureza volta sempre para ti multiplicado, o nome teve origem numa peça de jogo feita de madeira cujo o nome é “Boomerang”. Foi uma resposta de provocação ao Presidente Obama em face as sanções impostas.

Como as principais Organizações Internacionais e as organizações de Bretton Woods encontram –se  sediadas nos EUA querendo ou não, existe uma certa influência nas principais políticas  e decisões internacionais.

Queremos com isto dizer que, as sanções foram redobradas, é assim que um novo pacote de sanções é aprovado pela ONU, os reflexos começaram a ser sentidos pela Rússia, grande parte das empresas multinacionais anunciaram prejuízos de bilhões de dólares como consequências das sanções.

Rússia anuncia que não tem medo das sanções e a sua economia dar a volta por cima.

Haveria então a necessidade actuar de diversas formas  de modo a abrandar a intervenção russa na Ucrânia e mudar a opinião de Putin.

A Rússia é um produtor e exportador de petróleo, possui uma das maiores reserva de gás natural do mundo. O petróleo o gás representam cerca de 80% da economia russa, grande parte do crescimento registado pela económica russa nos últimos anos foi sustentado pela alta dos preços do barril de petróleo.

O EUA um dos principais produtores de petróleo no mundo e detentor também de grandes reservas de petróleo e gás, e consumidor mundial, não era um dos grandes exportadores de petróleo.

Uma outra forma de afectar a economia Russa um dos maiores produtores de petróleo, era aumentar a oferta de petróleo no mercado internacional criando desta forma um desequilíbrio nas quotas determinadas pelo regulador que é a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

Assim que este ano (2014) o EUA aumentam a produção em 50% e  passa a consumir e a exportar grande parte do petróleo xisto[2] como consequência os países que exportavam para o EUA foram obrigados a reduzir as suas produções diárias de petróleo ou a procurar outros mercados.

O mercado regista um excessiva oferta que acabaram por se repercutir nos preços, alcançando níveis baixos ou seja uma desvalorização em mais de 35% desde o ano de 2010, altura em que os preços rondavam aos 100 usd o barril. As previsões mais pessimistas apontam para preços a rondar abaixo dos 60 usd por barril.

A última reunião da OPEP realizada no pretérito mês de Novembro não surtiu o efeito desejado os grande produtores como: Arabia Saudita e EUA, decidiram  manter as suas quotas de produção.

Segundo Cristine Lagarde afirmou que “queda nos preços do petróleo no mercado internacional deve contribuir, de modo geral, para impulsionar a economia global, em especial para os Estados Unidos, que lutam para evitar uma desaceleração da actividade económica”.

Nosso entender não podemos esperar uma auto-regulação do mercado, por ser um mercado volátil e porque as sucessivas crises neste mercado, demostraram que o paradigma da mão invisível de Adam Smith nem sempre se aplica em todas as situações, sendo por isso necessário a intervenção dos principais órgão reguladores.

A economia russa está perante uma crise eminente em função da redução do preço do barril de petróleo e estima –se que em 2015 venha conhecer uma recessão com taxas de crescimento a rondar abaixo do previsto 0,8%, tal conforme ministro do desenvolvimento económico russo, Aleksêi Uliukáiev, que publicou o balanço económico do governo, ao revisar sua projecção para 2015 mostrando uma contração de 0,8%, comparada a uma projecção anterior, de crescimento de 1,2%”, segundo relatou o Jornal New York Times Internacional[3].

E a economia Angolana como fica?

O EUA é um dos principais mercados das exportações do petróleo produzido em Angola, depois da China. Com aumento da produção por parte dos EUA, Angola será forçada a reduzir a sua produção de petróleo estimada em 1,6 milhões de barris de petróleo dia, com a baixa dos preços a balança comercial Angolana será fortemente afectada, visto que as necessidades mantêm –se praticamente constantes, o que obrigará o país a continuar a importar grande parte dos bens e serviços, originando um deficit.

O orçamento para o exercício económico de 2015 foi previsto a um preço de barril em 81 usd e uma produção de petróleo estimada em , caso a situação perdure até próximo ano, isto também dependente das relações entre EUA e Rússia e a intervenção na Ucrânia, o deficit Angola pode aumentar de 7,6 para 8 ou mais, dependendo também da redução abrupta do preço do barril de petróleo que poderá afectar a taxa de crescimento do PIB Global previsto para 9,7%, caso o EUA assuma o controlo como maior produtor de petróleo no mundo e não reduza substancialmente o consumo de petróleo mundial a situação pode tornar –se mais agudizada.

Conforme o velho adágio popular “quando dois elefantes lutam quem sofre é o capim”, resta a economia Angola prosseguir urgentemente com a sua política de diversificação da economia, para que o petróleo não continue a exercer um papel fulcral na economia Angolana, é imperioso o surgimento de sectores que possam certamente contribuir para alargar a base tributária do  país.





[1] Mestre em Administração de Empresas; Consultor Empresarial e Técnico Oficial de Contas.
[2] uma tecnologia que permite a retira de gás e petróleo das rochas de xisto.