05/05/14
kams_9@hotmail.com
“A pobreza maciça e a desigualdade obscura são
flagelos tão grandes nos nossos tempos, tempos em que o mundo se gaba de progressos
tão extraordinários da ciência e da tecnologia, indústria e na acumulação da
riqueza, que têm de ser colocados ao lado da escravatura e do apartheid como
males sociais”. (Nelson Mandela)
Tomamos a liberdade para iniciarmos esta abordagem com a célebre frase
de Mandela, para nos referirmos sobre as questões relacionadas com a
distribuição da riqueza ou renda no Mundo e concretamente no continente
Africano. As preocupações em torno do assunto, começaram desde cedo a
constituir motivos de preocupação para as económicas desenvolvidas e em
desenvolvimento sobretudo para as organizações internacionais como as Nações
Unidas devido ao estado de carência e pobreza das pessoas ou população.
Vários estudos foram efectuados no sentido de tentar encontrar as
soluções para mitigar as questões relacionadas com a desigualdade de
distribuição da riqueza, eclodindo desta forma autores como Ludwig Von Mises ainda em suas primeiras obras, há quase
100 anos, tendo surgido o italiano Corrado Gini
que efectuou estudos mais acutilantes sobre a matéria.
Embora esforços têm sido empreendidos no sentido de reduzir o fosso
existentes entre ricos e pobre, a economia mundial regista que apenas uma
minoria da população detém grande parte da riqueza.
De acordo do relatório Credit Suisse, wealth report (2013), mesmo com
o crescimento da riqueza mundial, estudos apontam, os 10% mais ricos detêm
actualmente 86% da riqueza mundial. Destes 0,7% tem posse de 41% da riqueza
mundial.
Em África o cenário não diverge
verificado no panorama internacional, embora a economia Africana apresente
taxas de crescimentos significativos. As previsões do Banco Mundial apontam
para uma taxa de crescimento do PIB de 5,2% (2014) comparativamente com os 4,7%
(2013), importa referir que a pobreza
mantêm –se quase inalterável.
O Banco Mundial (2013) no
seu relatório “Africa’s Pulse” realça
este aspecto, embora o continente foi polo atrativo do investimento directo
estrangeiro e do turismo, a pobreza e a
desigualdade se mantêm “inadmissivelmente elevadas e o ritmo da sua redução
demasiado lento”, pois quase um em
cada dois africanos vive actualmente em pobreza extrema, embora haja um optimismo
da redução entre 16% e 30% até 2030, o
referido relatório sugere que 2030, a maioria dos pobres do mundo serão
habitantes de África.
De acordo o
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 2013 o coeficiente de Gini no continente africano
aponta uma média cifrada entre 0,5 a 0,8 o que não é benéfico, pois demonstra
que a desigualdade no continente ainda é elevado, pois quanto mais a escala
estiver próxima de 1 maior é a desigualdade na distribuição da renda e quanto
mais próximo estiver de 0 maior é a igualdade na distribuição da renda.
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH)
Existe uma correlação entre
a distribuição da riqueza e a sua implicação na melhoria da qualidade de vida
das populações. Pois se o coeficiente de gini no continente africano apresenta indicadores
elevados o índice de desenvolvimento humano é consideravelmente baixo.
O facto da economia africana muita
das vezes possuir um rendimento médio per capita alto, não significa que, o
mesmo traduza a realidade de tal indicador, pois o seu calculo inclui os
rendimentos das pessoas mais ricas ou com maiores rendimentos e também pelo
facto de incorporarem –se rendimentos
provenientes da venda sobretudo das commodities, que de forma genérica podem
aumentar o Produto Nacional Bruto (PNB), sem elevar e contabilizar o bem –
estar geral. Quando dividido pela população total, tal indicador
consideravelmente se apresenta com um rendimento médio e elevado, no entanto
dividi – lo aritmeticamente pelo número de seus habitantes dá uma ideia muito
imperfeita do padrão de vida de sua população.
Tal como Schumpeter referenciou
(1908), ''Ninguém dá importância ao pão pela quantidade de pão que existe
num país ou no mundo, mas todos medem sua utilidade de acordo com a quantidade
disponível para si, e isso, por sua vez, depende da quantidade total”.
Para uma
real e eficaz determinação seria eficaz contabilizar o rendimento médio por
habitante do particular para o geral, pois de acordo Adam Smith “ a
riqueza de uma nação se mede pela riqueza do povo e não pela riqueza dos
príncipes”.
De acordo o Relatório do PNUD (2013), com excepção de algumas economias
africanas que apresentam um desenvolvimento humano médio (0,7 a 0,5), grande
parte da economia africana apresenta um desenvolvimento humano médio em torno
dos 0,475.
OS PRINCIPAIS CAUSAS DA MÁ DISTRIBUIÇÃO DA RIQUEZA
O continente africano, apesar de ser um potencial
fornecedor de commodities e material prima para o continente Americano, Europeu
e Asiático, continua a deparar –se com inúmeras
situações de índole diversa que têm corroborado para a má distribuição da
riqueza, de entre as quais destacaremos as seguintes:
· Os problemas
relacionados com os conflitos armados e tribais;
· A corrupção
· O nepotismo;
· O
subdesenvolvimento
· A fraca
transparência no uso e fundos públicos;
Diniz e Arraes
(2010) apontam que os diversos estudos empíricos
efectuados apontam as principais causas da má distribuição da riqueza:
·
A influência do mercado de trabalho, através de algumas de suas
características como discriminação e segmentação;
·
A influência do comércio externo actuando indiretamente sobre o
mercado de trabalho, concernente a remuneração da mão-de-obra qualificada
relativa a mão-de-obra não- qualificada;
·
O efeito da educação, especialmente quanto a sua distribuição
desigual a diferentes níveis de renda e divisão espacial;
· A existência de
imperfeições no mercado de factores e sua remuneração, particularmente o
mercado de crédito (para financiamento do capital), que traz em si problemas
de incentivo e moral hazard.
No entanto os
principais problemas relacionadas com o fraco desenvolvimento com que se
deparam as económicas africanas podem conhecer alterações a médio e longo
prazo, desde que realmente haja força e vontade própria de internamente ultrapassarem -se os principais obstáculos que inibem o
desenvolvimento pleno das economias Africanas.
A África não
necessita de apoio em bens de consumo final para ultrapassarem as questões
relacionadas com a pobreza, precisamos de meios de trabalhos e know how capazes
de nos tornar autossuficientes e desta forma melhoramos as questões
relacionadas com a criação de emprego justo, e sobretudo a distribuição da
riqueza no continente berço.
DINIZ, Marcelo Bentes; ARRAES, Ronaldo de
Albuquerque. Desenvolvimento econoómico e desigualdade de renda. Disponível em:
http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/ETENE/Anais/docs/mesa3_texto1