terça-feira, 24 de setembro de 2013

BREVE REFLEXÃO SOBRE OS INVESTIMENTOS DO ESTADO ANGOLANO NA CONSTRUÇÃO DE PAVILHÕES MULTIUSO E ESTÁDIOS



  Janísio C. Salomão
20/09/2013





Com o culminar do conflito armado, Angola tem conseguido dar passos significados na criação de condições que propiciem a solidificação da sua economia. Durante os últimos 4 anos a taxa de crescimento da economia angolana registou ganhos significativos passando a ganhar destaque e notoriedade no cenário da economia mundial, tal como foi noticiado em diversos orgãos internacionais, bem como  o referenciado pelas principais agências de rating internacional a Fitch e a Standard and Poor´s.

As agências de notação de risco (rating) internacionais Fitch Ratings (FITCH), em 03 de Maio de 2013, Standard & Poor´s Rating Services (Standard & Poor´s) em 30 de Agosto, e Moody´s Investors Services (Moody´s) em 29 de Agosto, decidiram unanimemente manter inalterada a notação do risco do crédito soberano de Angola, em relação ao ano transacto, em BB- com uma perspectiva positiva e estável na classificação da Fitch e da Standard & Poor´s, respectivamente, enquanto a Moody´s atribuiu a notação Ba3 com uma perspectiva positiva. (MINFIN, 2013).


O executivo Angola vem desenvolvendo vários programas com vista a melhorar a sua imagem a nível internacional com o objectivo de permitir a atracção de investimento privado estrangeiro, moeda esta que não tem sido barata para os Angolanos.
Desde os anos de 2007, que o Estado Angolano vem efectuando avultados investimentos com vista melhorar  a imagem que durante anos andou desgastada devido ao conflito armado que o país viveu, apresentando candidaturas para a realização de campeonatos Africanos e Internacionais.
No ano de 2007  para dar cobertura a realização do Afrobasket nas cidades de Cabinda, Benguela, Huíla e Huambo e em 2008 o Campeonato Africano das Nações de Andebol o Estado Angolano dessembolsou cerca de 42 milhões de dólares.
Dois anos mais tarde, com o intuito de albergar a realização do Campeonato Africano de Futebol que se realizaram nas cidades de Cabinda, Benguela, Huíla e Huambo o Governo teve que pagar uma factura de cerca de 800 milhões de doláres, distribuidos pelos  estádios nas respectivas cidades.
E recentemente para a realização do Mundial de Hóquei em patins a se realizar nas cidades do Namibe e Luanda foram investidos cerca de 100 milhões de dólares, dos quais 2,71 milhões capitais próprios e 11,29 capitais alheios com recurso ao endividamento, sendo a Província de Malange uma das beneficiadas com a construção de um Estádio que serviu de antecamara para a referida actividade.
A seguir apresentamos resumo dos investimentos:



Milhões Usd
ANO
OBJECTIVO
VALOR
2007
Realização do Afrobasket
42
2008
Realização do CAN Andebol
2010
Realização CAN Futebol
800
2013
Mundial Hóquei em patins
100
TOTAL DESPESAS.....
900
       Fonte: Angop, 2013.
  
CUSTO OPORTUNIDADE


É um termo usado em economia para indicar o custo de algo em termos de uma oportunidade renunciada, ou seja, o custo, até mesmo social, causado pela renúncia do ente económico, bem como os benefícios que poderiam ser obtidos a partir desta oportunidade renunciada ou, ainda, a mais alta renda gerada em alguma aplicação alternativa.
Faz –se um enquadramento do conceito de custo de oportunidade desenvolvido por Frederich Von Wieser, para traduzir que, face a realização de despesas de capital relacionadas com a construção dos estádios e pavilhões, adia –se uma série de projectos e investimentos  que poderiam ser aplicados para o sector social tendo em vista a melhoria dos indicadores de IDH que são consideravelmente baixos.


ANÁLISE S.W.O.T

Como qualquer outro investimento, o qual deve ser avaliados ou identificados ou pontos fortes ou fracos, as despesas realizadas com os fundos públicos para a construção destes estádios possuí as suas vantagens e desvantagens. Embora haja correntes defensoras que não se deva efectuar uma análise económica, somos de opinião de que, por se  tratar de dinheiro e tendo em atenção que o mesmo tem valor no tempo, não perdendo de vista que os juros dos investimentos solicitados devem ser amortizados.

 Pontos Fortes:
  •        Projecçção, prestígio internacional da imagem do País;
  •        Possibilidade de atracção de investimento privado Estrangeiro;
  •        Promoção do turismo;
  •         Probabilidade de fomento do desporto juvenil;

Pontos Fracos:
  •         Fraco ou nulo retorno ou capital investido;
  •         Fraca política de rentabilização dos espaços contruídos;
  •         Degradação das obras fruto da falta de manutenção;
  •         Pouco investimento em sectores sociais 
  •      Instalações encerradas sem a massificação ou fomento do desporto, desiderato pelo qual foi construído;
  •     Recurso ao capital estrangeiro para o financiamento de despesas de capital com acarretamento de juros;

TRADE – OFF


Assiste –se intervenções de diversos especialistas defendendo apenas os ganhos relacionados com a imagem exterior do país e não análises económicas referentes a rentabililização destes espacos contruídos, por outro assistem –se a se degradação dos estádios e pavilhões.

Se não uma análise económica porquê a necessidade da criação de comissões para trabalhar na viabilidade e rentabilização dos pavilhões e estádios? 

Nosso entender, pensamos que esta actividade, confinada com a da criação de empresas para a gestão dos referidos espaços deveriam ser elaboradas na altura da concepção dos referidos projectos e não a posterior, evitando desta forma constrangimentos e despesas desnecessárias conforme actualmente se assiste.  Pois os estádios necessitam de manutenção regular, o que acarreta pagamento de despesas sem a sua contrapartida receitas.