quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Economia Angolana: Do ontem para o Hoje





“Ontem passado. Amanhã futuro. Hoje agora. Ontem foi. Amanhã será. Hoje é. Ontem experiência adquirida. Amanhã lutas novas. Hoje, porém, é a nossa hora de fazer e construir”
Chico Xavier
De onde viemos?
para aonde iremos?
A nossa história marcada por lágrimas, prantos, ranger de dentes e risos. Quão fortes seremos?
Nossa história marcada por experiências atrozes, experiências que não vimos, mais quando contada, nos remete a um profundo estado de nostalgia.
Foram mais de 500 anos de escravatura, das mais bárbaras ocorridas na história africana e mundial.
Durou o tempo que tinha que durar e passou, ficaram a lembranças e memórias, ficaram as cicatrizes e as histórias para serem partilhadas com as gerações vindouras.
13 anos;
13 anos é adolescência, marcada por descobertas do mundo, experiências vividas, um encontro do ego.
13, pode significar mudança, insegurança e imprevisibilidade;
13 também pode significar muito para uma nação, um pais que ser ergue, das cinzas, da chama, dos filhos tombados em prol de uma justa causa, almejada e procurada;
13 pode significar: 13 dias de sol radiante, sem a cor do sangue, abundância, fartura;
13, pode ainda significar, fome, seca, duas realidades opostas, dois mundos distintos;
Ergueu – se, enfrentou as dificuldades e superou –as;
Altos e baixos, aos solavancos e trambolhões, vamos que vamos, para frente é o caminho;
A terra, o mar, o ar, fontes de riqueza e diversidade de recursos, também podem significar o limiar de discórdia, exclusão, pobreza e sofrimento.
Muitos encontraram –te deitada e faminta, não estenderam a mão, muitos por ti passaram e desprezaram -te, por fim alguém lembrou -se da tua existência te estendeu a mão e te ajudou a erguer.
O amanhã não sei, diz o velho adágio de que, “o amanhã pertence a Deus”, o amanhã é imprevisível, marcado por incertezas.
O hoje, é fruto ou resultado do passado; Das escolhas feitas, todas com o seu reflexo no presente.
O hoje é risos e tristeza!
O hoje é amargo e doce “agridoce”
O hoje é esperança e incerteza!
O hoje é vida e morte!
O hoje é áureo!
Enfim caminhamos sem saber o futuro que nos espera, as vezes as claras, as vezes as cegas!
Com diferenças, mais livres, mais autónomos, podendo levantar questionamentos sobre o que se pode depreender por “ser mais livres”.
O amanhã te espera, desperta é hora de agir!
É hora de largar o discurso e oratória e ser pragmático, abandonar a perfídia, a falácia e agir com perspicácia e  lealdade. 
O futuro só você pode decidir, cada minuto perdido te será cobrado amanhã.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

PARA AONDE VÃO OS DÓLARES?



30/07/15
Janísio C. Salomão[1]



A taxa de juro em Angola voltou a subir após o Banco Nacional de Angola (BNA) ter procedido o seu primeiro ajuste de 9% para 9,25% durante o primeiro trimestre do ano em curso fruto da conjuntura actual do pais, tendo como finalidade contornar alguns indicadores económicos com destaque para a taxa de inflação que tem registado um aumento significativo desde o mês de Fevereiro do corrente ano, quando encontrava – se fixada em 7,44%. A procura de divisas com tendência ascendente, contribuiu fortemente pois, a procura por cambiais tem sido recorrente para a importação de bens com fraca capacidade de produção nacional. A redução da importação de alguns bens e serviços acabou por exercer forte pressão ao mercado, e como corolário, o kwanza sofreu uma acentuada desvalorização.

Ante ao exposto, o comité de política monetária do BNA na sua reunião do 27 de Julho de 2015, quadragésima sexta sessão ordinária decidiu “aumentar a taxa de Taxa Básica de Juro - Taxa BNA – de 9,75% para 10,25% ao ano e a Taxa de Juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez de 10,5% para 11,0% ao ano”[2];
Nosso entender, tais medidas de políticas monetárias, foram desenvolvidas com objectivo de atenuar as fortes pressões a que o mercado se encontrava sujeito com o aumento da taxa de inflação, que alcançou durante o mês de Julho a taxa de 9,61%, considerada a mais alta desde o ano de 2013, em que a taxa de inflação se situou em 8,9%.

Normalmente os Bancos Centrais (BC) aumentam a taxa básica de juro como uma medida de controlo da massa monetária em circulação. Através desta medida, os BC’s podem absorver dinheiro da economia, colocando no mercado Bilhetes do Tesouro ou Títulos dos Bancos Centrais, ou seja, o aumento da taxa básica de juro atraí o investimento em títulos públicos que acabam por diminuir a massa monetária (dinheiro em circulação) na economia, impactando na redução da variável consumo.
E o oposto, redução da taxa de juro, reduz os investimentos em títulos do Banco Central, aumentando o crédito à população, que acaba por aumentar a massa monetária em circulação e consequentemente o consumo.

Como tal, o mercado reage de acordo a lei da oferta e procura, quando a oferta diminui, acaba por aumentar os preços dos bens e serviços e quando aumenta acontece o inverso, os preços diminuem.

No entanto, tais medidas de contenção da inflação devem ser tomadas e analisadas com muita precaução, pois o aumento da taxa básica de juro, acaba por afectar as operações activas (empréstimos) do mercado interbancário, o que torna mais caro o dinheiro e desistimula o investimento que geralmente acaba por repercutir na produção e consumo, reduzindo o ritmo de crescimento que a economia registava.





[1]Mestre em Administração de Empresas; Consultor Empresarial e Técnico Oficial de Contas.
[2] Cf.  http://www.bna.ao/Conteudos/Artigos/detalhe_artigo.aspx?idc=175&idl=1&idi=14402

sexta-feira, 19 de junho de 2015

CHINA: O GIGANTE ASIÁTICO QUE CAVALGA POR ANGOLA.


15/06/15
Janísio C. Salomão




Com o culminar do conflito armado em Angola, grande parte do tecido económico, produtivo e industrial encontrava -se em estado avançado de degradação. Angola da inicio ao processo de angariação de recursos para o financiamento das principais infraestruturas. No ano de 2003 realiza a cimeira internacional de doadores, com o objectivo de captar recursos para financiar o processo de reconstrução Nacional, a maioria dos países da Europa e América que participaram neste evento não responderam as expectativas e os demais recusaram -se a participar.
Destarte, o governo Angolano busca parceiros dispostos a financiar o projecto de reconstrução nacional, a China como um parceiro com relações bilaterais que datam desde os anos 80, torna –se o principal financiador de grande parte das infraestruturas sociais e económicas construídas em Angola no período pós-conflito, tomando tais financiamentos actualmente, proporções incontornáveis.
As relações sino – angolanas ganham um novo impulso através dos acordos firmados entre o Governo Angolano e Chinês, que tiveram o seu início com visitas do Vice – Ministro Chinês da Economia, Comercio e Cooperação Yang Wesheng a Angola no ano de 1997 e posteriormente a visita do Chefe de Estado Angolano José Eduardo dos Santos a China um ano depois.
Tais acordos firmados deram azo as linhas de financiamento concedidas pelo governo chinês através do Eximbank da China tendo como garantias o petróleo angolano.
Tal conforme a informação do Ministério das Finanças (Minfin) no site[1], “O Ministério das Finanças assinou com o Eximbank da China três Acordos de Crédito nos dias 2 de Março de 2004, 19 de Julho de 2007 e 28 de Setembro de 2007, nos valores de 2 biliões de USD, 500 Milhões e 2 biliões respectivamente”. Podemos depreender as primeiras tranches cedidas pelo Governo chinês ascendem para 4,5 mil milhões de dólares, valores que actualmente encontram –se acima desta cifra uma vez que a informação relativa a acordos posteriores ou financiamentos cedidos pela china não se encontram disponibilizados no referido site. Actualmente de acordo The China Monitor (2010), estima –se que os financiamentos da China a Angola estejam acima dos 15,5 mil milhões de dólares.
De acordo Corkin[2], as contrapartidas de amortização da dívida foram definidas com base em uma quantidade fixa de barris. “Em Angola, esse volume foi definido em 10.000 barris por dia durante os dois primeiros anos e a 15.000 barris por dia nos anos subsequentes até a amortização total”.
O referido acordo de financiamento teve limitações impostas pelo governo chinês nomeadamente:

  1. Somente as empresas chinesas poderiam executar as obras ou infraestruturas;
  2. As matérias-primas necessárias para a execução das obras deveriam ser oriundas da china (materiais, equipamentos, tecnologias ou serviços);
  3. Uma boa parte dos recursos humanos 50%, ou seja, mão-de-obra devem ser chineses;

A china vê assim a oportunidade para escoar grande parte da sua matéria-prima, bens ou serviços que além da contrapartida do petróleo, constituem aspectos positivos que favorecem a balança comercial chinesa, estimula o consumo interno e impulsiona o seu crescimento.
Angola torna –se  assim o maior parceiro chinês na África Subsaariana com relações comerciais acima dos 25 mil milhões de dólares e o quinto maior destino das Exportações Chinesas.
A China é o segundo maior mercado das Importações Angolanas, segundo informações do Instituto Nacional de Estatística de Angola[3] (INE) durante o ano de 2014, cerca de 13,25% dos produtos consumidos em Angola tiveram a sua proveniência da China, e estima –se que este ano a China venha a superar Portugal, sendo que grande parte dos produtos importados, referem –se “Máquinas, Equipamentos e Aparelhos” com 23,39% “Veículos e Outros Meios de Transportes” com 12,86%; “Metais Comuns” com 11,37% “Produtos Agrícolas” com 9,20%.
Quando o assunto relaciona –se a Exportação a China liderou, durante o referido ano, a China consumiu cerca de 46,98%,  das Exportações Angolanas sendo que, grande parte dela foram fundamentalmente os combustíveis.
Fruto da Crise que afectou o preço do barril de petróleo no mercado Internacional a principal fonte de receitas fiscais do Governo Angolano, a economia Angola vê -se condicionada a dar continuidade dos programas que fazem parte do Plano Nacional de Desenvolvimento de Angola 2013 – 2017 (PND), situação que motivou o Estado a efectuar uma revisão no Orçamento Geral do Estado 2015, reduzindo as previsões de receitas, tendo como preço o barril do petróleo a 40 usd contra os anteriores 80 usd, uma redução de 50%.
Ante a este cenário o Presidente Angolano da inicio a uma jornada de visita de a China com o intuito de solicitar uma nova tranche de financiamento para a economia Angolana.
Cogita -se que os valores estejam a rondar entre os 20 a 25 mil milhões de dólares, no entanto, não se sabe de que forma serão disponibilizados os novos financiamentos e as modalidades de pagamentos, esperamos que tal informação seja posteriormente divulgada para que se possa encontrar o melhor caminho que garanta a sustentabilidade económica e financeira do Pais.
A china da seguimento do seu intento estratégico em diversificar as áreas de investimentos em Angola, da energia para a agricultura, pescas, tecnologia e comércio e agora finanças.

Auguramos que a nova tranche de financiamento sirva para fomentar o processo de diversificação da economia e ajude a reduzir a vulnerabilidade da economia angolana face aos choques externos, e que o referido financiamento, seja mutuamente vantajosos para as referidas economias.

Sectores como agricultura e energia, tornam – se fulcrais para que se possa substituir gradativamente as importações através do fomento da produção nacional.










[2] Lucy Corkin. O Eximbank da China em Angola, 2012. Informação disponível em: http://www.ictsd.org/bridges-news/pontes/news/o-eximbank-da-china-em-angola
[3] http://ine.gov.ao/xportal/xmain?xpid=ine