30/07/15
Janísio C. Salomão[1]
A taxa de juro em Angola voltou a subir após o Banco
Nacional de Angola (BNA) ter procedido o seu primeiro ajuste de 9% para 9,25%
durante o primeiro trimestre do ano em curso fruto da conjuntura actual do pais,
tendo como finalidade contornar alguns indicadores económicos com destaque para
a taxa de inflação que tem registado um aumento significativo desde o mês de
Fevereiro do corrente ano, quando encontrava – se fixada em 7,44%. A procura de
divisas com tendência ascendente, contribuiu fortemente pois, a procura por
cambiais tem sido recorrente para a importação de bens com fraca capacidade de
produção nacional. A redução da importação de alguns bens e serviços acabou por
exercer forte pressão ao mercado, e como corolário, o kwanza sofreu uma
acentuada desvalorização.
Ante
ao exposto, o comité de política monetária do BNA na sua reunião do 27 de Julho
de 2015, quadragésima sexta sessão ordinária decidiu “aumentar a taxa de Taxa
Básica de Juro - Taxa BNA – de 9,75% para 10,25% ao ano e a Taxa de Juro da
Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez de 10,5% para 11,0% ao ano”[2];
Nosso
entender, tais medidas de políticas monetárias, foram desenvolvidas com
objectivo de atenuar as fortes pressões a que o mercado se encontrava sujeito
com o aumento da taxa de inflação, que alcançou durante o mês de Julho a taxa
de 9,61%, considerada a mais alta desde o ano de 2013, em que a taxa de
inflação se situou em 8,9%.
Normalmente
os Bancos Centrais (BC) aumentam a taxa básica de juro como uma medida de controlo
da massa monetária em circulação. Através desta medida, os BC’s podem absorver
dinheiro da economia, colocando no mercado Bilhetes do Tesouro ou Títulos dos
Bancos Centrais, ou seja, o aumento da taxa básica de juro atraí o investimento
em títulos públicos que acabam por diminuir a massa monetária (dinheiro em
circulação) na economia, impactando na redução da variável consumo.
E o oposto, redução da taxa de juro, reduz os investimentos
em títulos do Banco Central, aumentando o crédito à população, que acaba por
aumentar a massa monetária em circulação e consequentemente o consumo.
Como tal, o mercado reage de acordo a lei da oferta e
procura, quando a oferta diminui, acaba por aumentar os preços dos bens e
serviços e quando aumenta acontece o inverso, os preços diminuem.
No entanto, tais medidas de contenção da inflação devem ser
tomadas e analisadas com muita precaução, pois o aumento da taxa básica de
juro, acaba por afectar as operações activas (empréstimos) do mercado
interbancário, o que torna mais caro o dinheiro e desistimula o investimento
que geralmente acaba por repercutir na produção e consumo, reduzindo o ritmo de
crescimento que a economia registava.